Após três anos apresentando saldos negativos entre admitidos e desligados no Pará (empregos com carteira assinada), de janeiro a outubro de 2018 o saldo do emprego formal aumentou em 20.508 postos de trabalho, o que contribuiu para aumento da renda, favorecendo incrementos de demandas por produtos e serviços, apesar de não ter havido recuperação total dos níveis de emprego.

Além disso, efeitos da nova legislação trabalhista como as possibilidades de contratação intermitente podem ter contribuído para elevar a renda total do lar e impactado positivamente a demanda. De janeiro a outubro de 2018, o comércio varejista vem apresentando tendência de aumento no volume de vendas. Nesse período as vendas registraram crescimento de 6,6% (varejo restrito) e 7,2% (varejo ampliado), enquanto em 2017, neste mesmo período, o desempenho era negativo em -0,1%. Logo, a tendência em 2018 é de fechamento do ano com saldo positivo no volume de vendas do comércio varejista.

Outro elemento que contribui para o aquecimento das vendas no final do ano é a redução da taxa selic, que no início de 2017 era de 13% e no final de 2018 está em 6,5%. Apesar da taxa final cobrada ao consumidor ser superior aos 6,5%, na média ocorreu redução nas demais taxas praticadas no mercado e isso tem motivado as compras, apesar de ainda elevada e de o consumidor manter-se mais cauteloso. Incremento nos salários com pagamento da segunda parcela do 13º, ainda que parte deste recurso extra seja direcionado para pagamento de dívidas, porém, sempre determinado valor é utilizado para as tradicionais compras natalinas e de final do ano.

A pesquisa de Índice de Confiança do Consumidor (CNC/Fecomércio PA), apresenta aumento na perspectiva de consumo informada pelos consumidores locais. Também há pequena evolução positiva no índice de Intenção de Compras do Consumidor para este final de ano. Embora a pesquisa revele que o consumidor ainda não esteja consumindo no nível que desejaria, em função das condições de crédito.

As estratégias de vendas por parte dos comerciantes, como  ofertas chamativas, sorteios, brindes, ambientes visualmente interessantes, atendimento personalizados, etc., atraem os consumidores e contribuem para incrementos  nas vendas. Destaque para os shoppings, que além dessas estratégias, ainda oferecem shows, brincadeiras, diversos tipos de entretenimentos, jogos etc., além do comércio de rua, com os alto falantes e locutores, ornamentação e preços chamativos.

Porém, após todos esses anos de crise econômica e política que ainda permeiam o País (houve apenas uma lenta recuperação da economia, que ainda não apresentou crescimento sustentado de todos os setores e acumula perdas não totalmente recuperadas pelos setores produtivos e principalmente com um grande estoque de desempregados e endividados). Dessa forma, os consumidores estão mais cautelosos em fazer novas dívidas, estão pesquisando com mais frequência, alguns calculando os impactos das parcelas nos orçamentos, por isso, a estimativa dos estudos da Fecomércio PA é de que haverá desempenho positivo nas vendas neste final de ano, entretanto, em patamares moderados e com incrementos diferenciados no intervalo de 6% a 12%, dependendo do segmento do comércio e serviços e dos efeitos das  estratégias adotadas.

Texto: Lúcia Cristina Lisboa / Assessoria Econômica