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Consumidor encerra 2014 mais endividado, porém com menos contas em atraso em comparação a 2013

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Consumidor encerra 2014 mais endividado, porém com menos contas em atraso em comparação a 2013

16/01/2015 00:00:00

O estudo elaborado pela Fecomércio-PA a partir dos dados extraídos da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC), além de traçar um perfil do endividamento, permite o acompanhamento do nível de comprometimento do consumidor com dívidas e sua percepção em relação à capacidade de pagamento.

Os consumidores do Estado do Pará encerraram o ano de 2014 mais endividados do que no ano anterior. Os resultados da PEIC consolidados em dezembro de 2014 demonstraram que a taxa de endividamento das famílias paraenses atingiu 76,3%. Em dezembro de 2013 esta taxa foi de 72,4%. Porém, no ano anterior estavam inadimplentes 18,1% e no último mês do ano de 2014, esse indicador era 12,4%. O nível de endividamento no Estado é superior à média nacional que fechou o ano com 59,3%.

Na desagregação por faixa de renda, os consumidores com renda acima de 10 salários apresentaram níveis de endividamento expressivos: 89,3%. Já as famílias com renda até 10 salários mínimos, a taxa ficou em 74,9%.

Esta taxa de endividamento não deve ser confundida com inadimplência, significa que os consumidores vêm ampliando as compras sob a modalidade de parcelamento, o qual nos últimos anos tem sido recorrente, facilitado pelo acesso ao crédito, apesar dos juros elevados e ao mesmo tempo reflexos da baixa capacidade de disponibilidade de recursos para compras à vista e até influenciados por campanhas promocionais. Entretanto, esta taxa deve ser monitorada, dado que o excesso de endividamento, a inadimplência e o percentual do orçamento doméstico comprometido com dívidas pode engessar o mercado.

Com o aumento das taxas de juros para o crédito ao consumo que em outubro de 2014 chegou em média a  44% ( Banco Central) - a mais elevada desde 2011-  o consumidor reduziu a taxa de endividamento  de 82,7% em  setembro para 76,5% em outubro  e 76,4% e 74,5% em novembro. Porém, em função da sazonalidade do mês de dezembro, não é possível identificar o impacto da elevação dos juros sobre as compras a prazo. Embora a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC-IBGE) revele uma forte redução no volume de vendas no Estado (considerando vendas à vista e a prazo) de 12,8% em outubro de 2014 para 4,2% em novembro de 2014. Dentre os tipos de financiamento de vendas, as taxas de juros cobradas pelo uso do cheque especial foram as mais altas, chegando em média a 187% ao ano. 

Os indicadores de inadimplência apesar de elevados, na comparação com o ano anterior se situaram em patamares menores e inferiores à média do Brasil. O percentual de famílias com contas em atraso no Pará no mês de dezembro de 2014 foi de 12,4%. Em 2013 esse indicador registrou 18,1% e para a média do Brasil, estavam com contas em atrasos, 18,5% dos que possuíam dívidas. 

Apesar de ser um mês em que há incremento na renda em função do décimo terceiro, em dezembro de 2014, do total de inadimplentes, 1,2% informaram não ter condições de pagar a dívida no mês seguinte.  Esses consumidores estavam há cerca de 58 dias com pagamentos atrasados. Entretanto, foi um percentual menor do que a situação dos consumidores verificada em relação à média do Brasil, onde a taxa no final do ano foi de 5,8% e inferior ao ocorrido no estado na comparação do mesmo mês do ano anterior, eram 4,6%.       

O nível de comprometimento da renda do consumidor com dívidas chegou ao limite prudencial. A taxa em dezembro ficou em 30%, ou seja, este é o percentual da renda que o consumidor não pode dispor pelo menos nos próximos 3 meses para efetuar novas compras. Esta disponibilidade só poderá aumentar, caso haja elevação da renda e do emprego. A evolução dessa taxa representa um risco para o consumidor e para a economia. Há necessidade de planejamento por parte do consumidor e medidas de política econômica que tenham reflexos positivos sobre os parâmetros macroeconômicos.

O cartão de crédito tem sido a modalidade principal utilizada para financiar as compras a prazo (81,7%). Além do cartão de crédito os consumidores têm contraído dívidas por meio de: carnês (43,8%); crédito pessoal (19,8%), crédito consignado (7,9%), financiamento de carro (6,0%); financiamento de casa (2,5%) e outros. Tem sido reduzida a utilização de cheque pré datado nas compras a prazo. Em dezembro de 2014, do total de dívidas, somente 0,8% foi nesta modalidade.

Texto: Adriano Abbade