O estudo da Fecomércio-PA, com base na Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) elaborado pela CNC/Fecomércio-PA, identificou que 40,3% dos consumidores paraenses estavam endividados no mês de novembro de 2017. São dívidas decorrentes de compras efetuadas anteriormente utilizando uma ou mais das modalidades de compras como cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, cheque pré-datado, prestação de carro e seguro, etc.
O percentual de endividados aumentou em relação ao mês anterior, quando a taxa foi de 39,9% e situou-se quase no mesmo patamar de novembro de 2016, quando a taxa foi de 40,2%. Dos que tinham dívidas, 35,6% ainda se encontravam em situação de inadimplência, mesmo percentual do mês anterior, porém levemente superior à taxa de novembro do ano passado, que foi de 35,1%. Porém, o que causa grande preocupação aos lojistas é a percentagem dos que registraram que não conseguirão colocar as dívidas em dia no mês de dezembro (foram 22% em novembro de 2017 ante 13,6% em novembro de 2016). Este é um indicador que sinaliza que, mesmo com o incremento do 13º salário, muitos dos consumidores não terão recursos suficientes para quitar suas dívidas.
Por outro lado, como indicador positivo, observou-se que a parcela da renda comprometida com dívidas atuais é bem reduzida este ano. Em novembro, 12,6% do orçamento dos consumidores paraenses deviam estar alocadas para pagamento de dívidas. Em novembro do ano passado eram 21,8% de toda a renda que estavam comprometidas com prestações referentes a débitos anteriores. Esta taxa indica que os consumidores ainda têm espaço em seus orçamentos mensais para realizarem novas compras a prazo. Contudo, precisam de organização e planejamento para não se tornarem inadimplentes e os que estão nessa condição devem procurar os credores para negociar dívidas e voltar a situação de adimplência.
Com relação à média do Brasil, o percentual de endividados local é superior ao restante do País, em parte devido a maior capacidade de volume de compras da média das capitais brasileiras, mas a inadimplência é significativamente mais elevada, situação que tem sido uma característica dos estados da região Norte, em virtude das dificuldades ainda apresentadas quanto a recuperação do nível de emprego e da renda. No Pará, segundo dados do CAGED/MTE o saldo do emprego com carteira assinada em outubro de 2017 permanece negativo em menos 1.998, tendo sido admitidos 126.722 empregados e demitidos 128.720, embora um decréscimo bem menor do que o registrado no ano de 2016, quando houve redução de 39.950 empregos. No Brasil, o saldo do emprego formal é positivo em 97.171, com 8.182.886 novas ocupações e 8.085.715 demissões, embora haja mais de 12, 7 milhões de desempregados.
Dados da Pesquisa Mensal do Comércio Varejista (PMC/IBGE) registram que no Pará, até setembro de 2017, as vendas decresceram -0,9%. Porém, pelo estudo da Fecomércio-PA, com a inclusão do movimento do comércio nos meses seguintes, essa curva deve apresentar inversão, ou seja, em 2017, o desempenho das vendas deverá ser superior ao ano anterior. Com isso, após dois anos seguidos de decréscimos nas vendas (em 2015 e 2016 os consumidores recuaram e reestruturaram as compras e as vendas do comércio varejista decresceram – 4,9% e - 13,00%, respectivamente) a desaceleração do ritmo de aumento de preços, com taxa de inflação prevista para menos de 2% ao ano e a redução das taxas de juros, entre outros fatores, a perspectiva é de encerrar o ano com aumento de cerca de 4% no volume de vendas.
Texto: Lúcia Cristina Lisboa / Assessoria Econômica